coluna Olhar Crítico 30/10/2011

31/10/2011 10:55

Olhar Crítico

 

Apresentação

Para não dizerem, principalmente aqueles que não compreendem corretamente as observações que publico aqui todos os domingos, que não falei das flores, congratulo os organizadores da apresentação da banda Fino de Plis, ocorrida na noite do último dia 24, na Praça Dr. Carlos Sampaio Filho. A outorga estende-se também aos integrantes do conjunto musical, em especial o penapolense/araraquarense, Walter Miranda. Durante o espetáculo, o conjunto, ciceroneado pelo veterano locutor e funcionário público municipal, Moreira da Silva, abrilhantou a noite de centenas de penapolenses que passaram pela tradicional praça na véspera de aniversário de Penápolis.   

 

Diálogos

Durante o show, pude conversar com vários dos presentes e, em uníssono, todos afirmaram que aquele espaço deveria receber mais eventos daquela magnitude, pois, como bem frisou Castro Alves em um dos seus célebres textos, “a praça é do povo, como o céu é do Condor”. Portanto, ele deve ocupá-la, não somente em manifestações políticas, mas também em eventos culturais, a exemplo do levado a cabo na noite do dia 24. Lembro-me que, após realizar meus estudos na Unesp e na Unicamp, retornei a Penápolis deparando-me com uma manifestação naquele local, em que o enfoque era dado à vida em detrimento das drogas, seus malefícios e suas conseqüências.

 

Herança

Na ocasião, em diálogo mantido com uma das autoridades que participava daquele movimento, cuja conseqüência foi criação de uma entidade que atua em importante segmento social auxiliando os menores de Penápolis, eu obtive uma das mais importantes informações que a carrego comigo até hoje, principalmente durante minhas atividades letivas, ou seja, é preciso agir antes que a “letra fria da lei” dê o ar da graça, pois quando ela aparecer é porque todos os trabalhos preventivos foram feitos de forma enviesados ou deixaram de ser realizados a contento. Neste sentido, a praça sempre levar-me-á para importantes recordações como essas e, também aos passeios dominicais após a primeira sessão do Cine Joaquim, que começava sempre às 19h30. 

 

Reminiscências

Ainda no âmbito das reminiscências, recordo-me do projeto “Domingo na praça” em que a população era conclamada a assumir seu posto naquele local e, para tanto, várias atividades eram realizadas desde o período da manhã até o início da noite. Com o passar do tempo, ocorreram descentralizações nesse tipo de evento, sendo o programa levado a outras regiões e bairros da cidade. A proposta foi salutar, todavia, acredito que, pelo menos uma vez por mês, a praça central deveria ser novamente ocupada pelos penapolenses e motivo há para isso, principalmente após a remodelação feita pela atual administração e a recuperação da fonte luminosa.

 

Negativo

Bom, como encontramo-nos no Brasil e tudo que é aberto de forma democrática ao público em geral, tem um quantum de negativo, na noite do dia 24 de outubro, não foi diferente. De acordo com minhas memórias, cobrei aqui neste espaço há algum tempo, a instalação de lixeiras na praça Dr. Carlos Sampaio Filho, tendo inclusive o prefeito João Luís dos Santos (PT) sugerido que cada um dos transeuntes que passasse por aquele local e, caso produzisse lixo, que o levasse para casa e o acomodasse de forma correta. Discordei, solicitando que os recipientes fossem instalados, pois o brasileiro ainda não possuía conhecimento suficiente para ter esse tipo de postura.

 

Tristeza

Pois bem, o que vislumbrei naquela noite, deixou-me entristecido, pois constatei que estamos longe de ser uma nação formada e forjada por cidadãos plenos e cônscios de suas participações junto à coletividade. Em vários pontos da praça, era possível ver, mesmo com lixeiras instaladas próximas, lixos e restos de alimentos depositados nos canteiros que compõem aquele espaço. Portanto, a idéia do prefeito naquela época foi alvissareira, bem como as observações que fiz, entretanto, não é a falta de recipientes que deixaria a praça ou os principais pontos da cidade que recebem grandes volumes de pessoas, limpos, mas sim uma percepção diferente da população no que tange a higienização desses espaços.

 

Reprodução

Essa prática permite-me fazer algumas conjecturas, como por exemplo, a reprodução de ações no espaço público destinado a toda a coletividade, ser semelhante à conduta na vida privada. Ou seja, se a sujeira é acumulada em locais destinados ao bem comum, é porque a mesma já é uma constante em locais reservados à família e seus agregados. Dito de outra forma: se os compartimentos e cômodos destinados aos familiares são sujos, o espaço de todos não poderia receber tratamento diferente.

 

Bicicletas

O outro aspecto negativo continua sendo a utilização das pequenas alamedas da praça para passeio de bicicleta. Naquela noite, muitos cidadãos flagraram uma miríade de adolescentes andando de bicicleta em meio aos pais e seus filhos que tentavam trafegar tranquilamente por aquele espaço, enquanto o conjunto Fino Plis abrilhantava a noite dos penapolenses. Lamentável o comportamento desses adolescentes que serão os “homens” de amanhã, o que deixa muitos adultos de hoje apreensivos quanto ao futuro de nossa sociedade.

 

Perseguição?

Sem querer polemizar, mas apenas objetivando esclarecer os leitores desse espaço, abordarei, mesmo que de forma lacônica, o imbróglio, supostamente cometido pelo diretor-presidente do Daep e presidente do diretório municipal do PT, Lourival Rodrigues dos Santos. O diretor e jornalista Gilson Ramos, externou, em sua coluna “Observatório da cidade” do dia 28, sexta-feira, que o petista teria exonerado um companheiro de legenda que ocupava um cargo de confiança no Daep. O motivo seria a campanha que, o parceiro hoje sem cargo, faria em prol do petista histórico Roberto Torsiano que pleiteia internamente a indicação da legenda para disputar a sucessão do também petista histórico João Luís dos Santos. Se a boataria tiver um fundo de verdade, o “exonerador” demonstra um viés contrário às indicações do PT. Todavia, como ainda parecem ser ilações, aguardemos as cenas dos próximos capítulos e outros detalhes concretos.